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Foto do escritorCamila Saraiva

A terapia pode ser difícil e incômoda, e é aí que ela funciona.

Atualizado: 17 de mai. de 2022

É papel da terapeuta acompanhar seu cliente em percursos difíceis que, anteriormente, ele não se aventurava sozinho. Sem dúvidas, fazer terapia pode ser incômodo. Mas só saímos de um lugar de dor primeiramente entrando nele, tocando com cuidado e bem acompanhados nos temas e histórias sensíveis.


Deparar-se com um sentimento de vazio pode ser uma das sensações incômodas ao longo de um processo terapêutico transformador. Trago, portanto, o seguinte trecho para pensar sobre isso: "Van Dusen (1977) apresenta comparações entre a cultura ocidental e oriental, afirmando que, no Oriente, o vazio é confortável e familiar, podendo ter um valor máximo em si mesmo e possibilitando a produtividade, ao contrário do mundo ocidental em que espaço vazio significa desperdício - a não ser que seja preenchido com ações, uma vez que é muito comum, na sociedade ocidental, preencherem-se esses espaços também com objetos ou até mesmo deixar que as ações dos objetos preencham os espaços dos indivíduos. E o autor continua: 'O vazio é o centro, e o coração da mudança terapêutica'". - Karina Okajima Fukumitsu e colaboradores no artigo "Tédio e trabalho na pós-modernidade".


O vazio do qual fugimos como sociedade ocidental pode, portanto, ser um local para criar, existir, perceber-se, sentir, reinventar. Ele pode ser fértil. E esta é uma das maiores descobertas a se fazer em terapia.

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